quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Documentário sobre arte urbana prestes a sair do forno.

O documentário, A Arte Urbana, é um longa-metragem documentário sobre o graffiti e sua relação direta com a arte, destacando como através dele diversos grupos e artistas hoje presentes na cena surgiram e foram reconhecidos pela mídia, indústria e diversos meios de comunicação em massa. 
No site sobre o mesmo é possível assistir a um vídeo promocional.
http://www.aarteurbana.com.br/

Site de Arte Urbana Português

O GAU - Galeria de Arte Urbana, dedica-se a expor o movimento artístico urbano de nossos conterrâneos portugueses.
Vale a pena conferir.
http://galeriaurbana.com.pt/

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Arte com chicletes

Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

por Julia Elmore 
(retirado do portal da Revista Piauí - 
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-59/portfolio-ben-wilson/arte-com-chicletes)

onhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente – pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.
Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.
Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentado melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso do chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. “Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade”, afirmou ele. “Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados.”
Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o Centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: “Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo.” Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.
Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. “Cada imagem que faço tem uma história diferente”, explicou. “As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua.” Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem o que gostam e querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.
Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta, e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.
Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. “As fotos têm vida própria depois que as tiro”, observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.
Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários – uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.
Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.
Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.
O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. “O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva”, explica, “mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por que.”
Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: “Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando.”




 



















sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Arte-urbana ao vivo no MASP


TV Estadão | 11.08.2011
Oito artistas estrangeiros criaram uma exposição de arte-urbana especialmente para o MASP. "De Dentro e de Fora" começa no dia 17, mas, até lá, os visitantes podem conferir a exposição ganhando forma.
Vídeo no link:
http://tv.estadao.com.br/videos,ARTE-URBANA-AO-VIVO-NO-MASP,144428,253,0.htm

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sancionada lei que libera grafite e proíbe spray para menor de 18

DE SÃO PAULO
A lei que proíbe a venda de tinta em spray para menores de 18 anos e estabelece que grafite não é crime foi publicada na edição desta quinta-feira do "Diário Oficial da União".
Câmara aprova projeto que diferencia grafite de pichação
De acordo com o texto sancionado pela presidente Dilma Rousseff, fica definido também que os maiores de 18 anos devem apresentar documento de identidade para comprar a tinta em spray e que toda nota fiscal relativa a esse tipo de venda deve conter a identificação do comprador.
As embalagens das tintas ainda deverão destacar a expressão "Pichação é crime" e "Proibida a venda a menores de 18 anos". Os fabricantes têm 180 dias para se adaptar.
A lei não altera a punição que já era prevista aos pichadores - multa e detenção de três meses a um ano, ou multa e detenção de seis meses a um ano quando a pichação for em monumento tombado.
No entanto, o novo texto deixa claro que o grafite, quando autorizado pelo proprietário, não constitui crime.
De acordo com a lei, nesse caso se enquadra "prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística".
Grafiteiros ouvidos pela Folha afirmam que a nova lei não vai mudar muita coisa na prática. Curador da Bienal Internacional de Grafite, Binho Ribeiro, 39, diz que, pela atual legislação, já é permitido pintar muros com autorização do dono. Para ele, o grafiteiro pego pintando em local sem autorização deveria responder por uma contravenção --como estacionar em local proibido.

http://folha.com/ct921118

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Grafiteiros detidos terão galeria em pilastras do metrô de SP

JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO
(http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/914589-grafiteiros-detidos-terao-galeria-em-pilastras-do-metro-de-sp.shtml)
Pouco mais de um mês depois da detenção de 11 grafiteiros na avenida Cruzeiro do Sul, em Santana (zona norte de São Paulo), um projeto de galeria a céu aberto na região é definido com a colaboração da Secretaria do Estado de Cultura e do Metrô.
 Grafite de Binho, um dos artistas detidos no mês passado em Santana (zona norte de SP) que participa do projeto da galeria a céu aberto
 O projeto da galeria a céu aberto prevê 77 painéis de artistas variados na avenida Cruzeiro do Sul, em Santana (zona norte de SP)
 Pilastras das estações do metrô na zona norte serão transformadas em galeria a céu aberto de grafite
 Na esquina da avenida Cruzeiro do Sul com a rua Ataliba Manoel, onde 11 artistas foram detidos, ainda há grafites que não foram apagados

Até o final do ano, as pilastras da avenida, do shopping D até o a estação Santana do metrô, devem deixar o cinza tradicional para dar lugar ao colorido dos grafites, com 77 painéis de diversos artistas.
Enquanto aguardavam o registro da ocorrência de crime ambiental, no dia 3 de abril no DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), por grafitarem as pilastras da estação, os artistas Chivitz e Binho resolveram elaborar um projeto, com a ajuda de Baixo Ribeiro, curador e proprietário da galeria Choque Cultural.
"Pensamos na delegacia que não era mais possível responder por crime. Somos artistas, reconhecidos pela cidade. A ZN é o nosso bairro, sempre pintamos na região e ali sempre é muito sujo. Foi uma surpresa para gente receber esse apoio", afirmou Chivitz.
Os grafiteiros procuraram Andrea Matarazzo, secretário de Cultura do Estado, que marcou uma reunião com o presidente do Metrô, Sérgio Avelleda.
"Além da galeria embaixo do metrô, o projeto prevê oficinas educativas e um local de exposições com curadoria deles [grafiteiros] no Parque da Juventude e na Biblioteca de São Paulo, não é uma coisa solta", afirmou Matarazzo.
Ribeiro ressalta que as oficinas educativas do projeto irão preparar o público para um novo estilo de arte e de urbanização.
"Estamos em um momento de transformação da relação artística com o publico, da qualidade de obra, um movimento de valorização desse tipo de arte. A intenção é que a população se sinta à vontade na sua cidade e dono do espaço público que é dele mesmo. Em vez de ficar olhando para um muro alto de condomínio, teremos uma pintura que leva a um lugar mais interessante, de reflexão", afirmou o o proprietário da galeria.
Para Avelleda, contribuir com o projeto é contribuir para uma cidade mais bonita.
"A gente ocupa o espaço da cidade e, normalmente, nossos espaços são cinzas. Ficamos muito feliz em contribuir com esse projeto cedendo nosso espaço, tirando o cinza, abrindo espaço para artistas. É um situação que, na nossa opinião, ganha o Metrô, que diminui necessidade de ficar limpando, ganha a cidade por causa da paisagem e ganha os artistas que podem expressar sua arte", afirmou Avelleda.
Chivitz afirma que, apesar dos artistas ainda terem problemas com a polícia, atualmente o grafite é mais bem aceito e o projeto irá facilitar a compreensão da arte de rua.
"Hoje em dia recebemos mais elogios do que reclamações, mas não podemos descartar essas reclamações. A parte educativa do projeto não será só para crianças, mas também para os educadores. Ainda há uma carência de informação muito grande sobre a arte de rua. O grafite é uma cultura que se aprende nas ruas e não nas escolas. Eles vão aprender com quem faz e não com quem escreve sobre", disse o grafiteiro.
Matarazzo afirmou que a arte urbana tem papel muito importante na revitalização e recuperação de alguns pontos de São Paulo, quebrando a "aridez" dos espaços. E citou o painel feito por Kobra na avenida 23 de maio --que retrata São Paulo antiga-- como exemplo.
"Eu mesmo polemizei muito quando estava na Secretaria de Subprefeituras porque apaguei muitos ditos grafites, que não eram grafites coisas nenhumas. Eu falava para eles, em determinados lugares não pode fazer. As pessoas cobram que estejam pintados, arrumados. Mas eu acho que conversando conseguimos disciplinar. O painel feito pelo Kobra é muito interessante, por exemplo, não está aquela poluição urbana, aquela coisa bagunçada, ao contrário, são espaços onde você consegue efetivamente apreciar um trabalho de qualidade e, por outro lado, para o pessoal que faz, os grafiteiros e muralistas, são espaços que permitem que eles mostrem um trabalho de qualidade", afirmou o secretário.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Grafite tem maior retrospectiva da história em museu dos EUA


19/04/2011 - 07h15
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES (http://folha.com/il904178)
Um corredor escuro e grafitado, cheio de lixo amontoado e com barulho de trens, é uma das atrações de uma nova exposição que abriu no fim de semana em Los Angeles.
Tem também uma instalação com três manequins fazendo uma escadinha para pichar o alto de um muro, com destaque para a mão que segura a latinha de spray: ela se mexe, como aqueles bonecos de parque temático.
Apesar do clima Disneylândia às avessas, "Art in the Streets" (arte nas ruas, em livre tradução) quer ser uma exposição histórica, a maior do gênero já realizada por um museu americano. Fica em cartaz no Museum of Contemporary Art (Moca) até agosto e, a partir de março, abre no Brooklyn Museum, em Nova York.
Uma generosa linha do tempo, um tanto didática, dá conta das gangues pioneiras do grafite, desde o final dos anos 60, na Filadélfia, em Los Angeles e Nova York, com fotos dos Cornbread & Friend, Crips e Taki-183.
Até mesmo a origem da latinha de spray é decodificada: inventada em 1949, só passou a ser produzida em grande escala nos anos 60.
Revistas e jornais do começo dos anos 70 lembram que a discussão do status artístico do grafite vem de longe.
Bem como as campanhas contra, como uma da Filadélfia, de 1972, avisando que estavam sendo gastos mais de US$ 1 milhão na limpeza dos trens, alvos favoritos dos pichadores.
               
Carro pintado por Keith Haring, em frente à tela de Chaz Bojórquez.

Parte da instalação "Street Market", que recria diversos ambientes de rua, assinada por diversos artistas, como Todd James, Barry McGee e Steve Power

"Stained Window", colaboração com estudantes de escolas públicas de Los Angeles, que foram convidados a pichar painéis instalados nos pátios das escolas e depois adaptados para esta obra com sete metros de altura

Coleção de telas de Shepard Fairey, mesmo artista que criou o pôster de campanha de Barack Obama “Hope”, também na exposição

Carro pintado por Keith Haring, em frente à tela de Chaz Bojórquez, pioneiro do grafite estilo "cholo", usado por gangues mexicanas em Los Angeles

NAFTALINA
"É o momento certo para uma retrospectiva. É provavelmente o movimento artístico mais popular atualmente", disse à Folha Jeffrey Deitch, diretor do Moca. "Mas não é uma exposição definitiva, é o começo para entender a história. Ainda há muito para descobrir."
Antes de assumir o Moca, em 2010, ele liderava a descolada galeria nova-iorquina Deitch Projects, representante de poderosos da "street art", como Barry McGee, Swoon e os paulistanos Osgemeos, todos com grandes espaços na exposição.
Keith Haring (1958-1990), cujo espólio também era exibido pela Deitch, comparece com diversos trabalhos, incluindo um carro e alguns objetos que vendia a preços populares na sua Pop Shop, lojinha que abriu nos anos 80 no Soho, em Nova York.
Mais um sinal de que muito do que se discute hoje sobre "street art" --como a linha de roupas de Shepard Fairey-- cheira a naftalina.
Apesar da boa faceta histórica, cansa a insistência de exibir sempre os mesmos artistas contemporâneos, que pulam de museu em museu há anos mostrando os mesmos tipos de trabalhos.
Sem dúvida, a parte mais visitada é onde estão as obras de Banksy, o britânico anônimo que vende milhões em leilões e foi recentemente indicado ao Oscar. Está lá uma de suas primeiras pinturas, "Riot Painting".
"Foi a minha primeira tentativa de fazer uma pintura 'apropriada'", escreveu o artista num comunicado a jornalistas. "O que explica porque eu não tentei mais."

segunda-feira, 4 de abril de 2011

GRAFITAR X PIXAR

3/04/2011 - 21h14

Grafiteiros detidos em SP devem responder por crime ambiental


REYNALDO TUROLLO JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Onze grafiteiros foram detidos pela Polícia Militar por volta das 12h deste domingo enquanto desenhavam em pilastras da estação Santana do metrô, na zona norte de São Paulo. No grupo havia artistas conhecidos, como a dupla Chivitz e Minhau, que assinou uma versão das sandálias Havaianas recentemente, e Binho e Presto, que já participaram de exposições de arte urbana.
Onze grafiteiros são detidos na zona norte de São Paulo
Todos foram ouvidos pela polícia e liberados, por volta das 19h. Apesar de terem argumentado, em depoimento, que não estavam pichando, eles admitiram não ter autorização para pintar as pilastras do metrô --e a lei não distingue pichação de grafite.
"Resultado: nós vamos responder por crime ambiental, porque a lei não diferencia o artista do vândalo", disse Binho, 39. Nenhum deles quis comentar sobre a forma da abordagem da polícia.
Os grafiteiros, acostumados a fazer painéis na zona norte, foram abordados depois que a PM recebeu uma denúncia pelo 190, de acordo com o delegado do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), Paulo Peres.
"Grafitar sem autorização do poder público, nesse caso, que é o responsável [pelas pilastras do metrô], é enquadrado na lei ambiental", diz o delegado. "No artigo 65, os dois verbos estão lá: pichar e grafitar."
O delegado admite, porém, que denúncias contra grafite não são muito comuns --a pichação é mais mal vista pela população. E esse parece ser o argumento do grupo frente à polícia.
"Num minuto a gente estava pintando e passou um carro aplaudindo. Um minuto depois nós fomos presos", contou o grafiteiro conhecido como Ricardo AKN. "A opinião pública é a favor", completou Binho.
"O lugar era todo feio, todo cinza da tinta da prefeitura. Aquele é nosso presente pra cidade", acrescentou Nove, 27.
Todos os detidos reconheceram que já foram parados pela polícia outras vezes, mas disseram que geralmente um diálogo com os policiais e a interrupção da atividade "resolve a situação".
Desta vez, no entanto, eles terão de responder na Justiça. A pena máxima prevista para crimes ambientais é de um ano de prisão, mas, segundo o delegado Peres, a promotoria geralmente propõe uma "transação penal" --como prestação de serviços à comunidade, por exemplo.
Segundo o delegado, eles devem aguardar pela Justiça em liberdade por tratar-se de um "crime de menor potencial ofensivo".
POLÍTICA
Para Chivitz, 34, o que falta é uma política específica e clara sobre o grafite. "Isso faz com que as autoridades, em momentos oportunos, aprovem [o grafite], e em outros, critiquem a atuação dos jovens artistas", diz.
"Se a gente pedir autorização, dificilmente vai ter. Mas depois que a gente pinta, é tudo lindo e maravilhoso. Isso é um típico exemplo de como é fazer arte na cidade", diz Chivitz.
Ele lembra que parte dos grafiteiros que foram detidos hoje, do grupo conhecido como ZN Lovers, já promoveu eventos oficiais de grafite na zona norte --quando foi feito o mural no cruzamento da rua Duarte de Azevedo com a avenida Cruzeiro do Sul, em Santana.
A namorada dele, Minhau, 33, também foi detida. De acordo com ela --que pintava um gato colorido gigante numa pilastra quando foi abordada--, o grupo vai tentar agora negociar com a prefeitura o término dos desenhos, que ficaram pela metade.
Os grafiteiros disseram que estão "em diálogo" com autoridades municipais para legalizar a atividade em São Paulo.

Você admira algum tipo de arte urbana? Qual?